segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

NÃO LEIA, NÃO ASSISTA


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Eu sei...o filme é leeento, não tem a agilidade, a turbulência, os efeitos especiais, as explosões,as perseguições adrenérgicas e cinestésicas, as lutas coreografadas e os quiproquós todos que seguem a receita, ou a fórmula hollywoodiana.
Não tem a infalível cena de sexo estrategicamente colocada na hora que a produção sabe que o desinteresse começa a comichar o camarada e pode levá-lo ao banheiro, a fumar lá fora, ou a ligar o celular.
Também não tem a lágrima fácil, o nó na garganta prréé-fabrricado, a lição de moral fácil e edificante.
"Na Natureza Selvagem" é arrastado, poético, filosófico, questionador e dá sono em cascas menos grossas.
Não o assista, nem leia o livro de John Krakauer, que parece diário de bordo-reportagem-autobiografia.
Deixe pra mim o privilégio de me deliciar com as vastas e abertas paisagens atordoantes do Alaska, os desertos absurdamente belos, os tipos humanos desajustados, complexos e esquizoides que Alex Supertramp, o alterego de John McCandless encontra pela sua jornada delirante em busca do que Thoreau, Kerouac, Tolstoi e todos os poetas do neoclassicismo buscaram: retorno à Natureza, vida simples, fuga do turbilhão e da hipocrisia civilizada.
E não delicie-se com a voz grave e torturada de Eddie Vedder a acompanhar McCandless pela torturada América dos perdedores, sonhadores, erráticos e desesperançados.
Leia qualquer livro da lista dos mais vendidos, assista a qualquer filme dos recomendados e perca seu tempo vendo novela da grôbu, assistindo BigBarangaBurraBrasil, essa gente que finge alegria e descontração gritando uhúúúú, e vai morder seu pai na bunda.