terça-feira, 22 de abril de 2014

Muito Além do Óbvio- Garcia Marquez

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Um portal de grande credibilidade e aceitação promoveu uma votação para "eleger" o melhor livro de Gabriel Garcia Marquèz após sua morte recente.
As porcentagens refletem tendências um pouco óbvias que a mídia acaba por perpetuar.
"Cem Anos de Solidão" dispara na frente, e outros títulos acabam por ficar na poeira, eclipsados pelo que é o mais incensado e lido(?) livro do autor que, se não era uma unanimidade, tornou-se após seu passamento(embora qualquer evento esportivo ou artista de novela que bata o carro possa ter mais repercussão).
O fato é que "Cem Anos" é um livro mais comentado que lido, mais comprado que entendido e frequente mais as estantes que as mentes.
Não discordo do fato de que ele é mágico ( e eu só uso este adjetivo para coisa muuuito mágicas, como músicas do Led Zeppelin e olhos escuros a fitar você nos olhos). Uma ciranda vertiginosa como o bolero de Ravel, ou "As Mil e Uma Noites".
Porém, "O Outono do Patriarca" foi o livro dele que me seduziu nos longínquos anos 80. 1982 para ser mais preciso, pois o li no 3o. ano do Ensino Médio, que na época era colegial.
Devo dizer que ele contaminou tudo que escrevi desde então, com sua absoluta liberdade formal de se escrever como se fala, sem respeito à pontuação, às convenções, às regras, e a partir de então, eu entendi o peso que o modernismo veio a ter nas letras e na mentalidade das pessoas, bem como na postura ideológica que se tinha então.
E a temática: decadência...do poder, do homem, daquele que se julga detentor da vida e da morte de pessoas, do ditador, que apesar do autoimputado poder é apenas um ser humano, com sua finitude, suas limitações, sua miséria, que a riqueza material não consegue esconder.
A alternância de vozes e de pessoas, a menina explorada que lhe dedica ternura, apesar de ser seu objeto sexual, e a óbvia alusão às ditaduras e ditadores tão em voga na América Latina, o fazem um livro de primeira grandeza.
Há críticos que o considerem datado, visto o contexto sócio-político em que foi engedrado, ao contrário de "Cem Anos" que se mostraria atemporal como toda obra-prima.
Considero, porém, que esta alegoria acerca da efemeridade da vida e do poder, transcende o mero contexto político.
É um livro de primeira grandeza, e lamento estar no último lugar da lista. Mas sei que padece da distância, do tempo e do contexto.
Leia e discorde de mim, se o quiser.
Mas acredito que Gabo é mais que "Cem Anos".
 

4 comentários:

  1. Auuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu! Cem Anos...É realmente mágico.Mas não é um livro fácil.Penei para devorá-lo e olha que quando o li
    eu era um devorar de livro,bem mais que nos dias de hoje.

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  2. belo livro. belíssimo texto sobre o livro. obrigado, companheiro.

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