Rapadura Cult: Raízes: Uma vez um homem deitou-se, todo, em cima da terra. A areia lhe servia de almofada. Dormiu toda a manhã e quando se tentou levantar não...
Ao leres este conto, estarás a ler belo e lírico produto da lavra de Mia Couto.
Era outono, as noites eram azuis, eu tinha a ilusão de que era eterno; estrelas escorriam e lacrimejavam o espelho polido e azulado do céu e eu não sabia nada, nada, nada dessa vida, e ouvia o senhor, Sir Gilmour, e era feliz como só os tolos, os jovens e os ignorantes sabem ser e isso, só isso me bastava.
jacarei.nova-acrópole.org.br (Retirada dos arquivos mortos dos idos de 1994)
Reneguei a poesia fácil de estradas e redes de uísques e vômitos a poesia fóssil que me restou troco as musas todas por um colo de puta por um telefonema seu, sua filha da puta
www.agapedobrasil.com.br Lou Ferrigno, o Hulk dos anos 70 e o filósofo Mário Sérgio Cortella são a mesma pessoa, são clones um do outro, ou são gêmeos separados ao nascer? Cartas para este estapafúrdio blog!
www.ocasiao.pt Fato notório e notável a indiferença que o brasileiro tem por seus vizinhos, os países sulamericanos, e por suas raízes lusitanas, sua rica e profunda tradição linguística e histórica. Contado por um amigo velho seu encontro fortuito em um ônibus com destino à velha Parati, com um colombiano que mochilava por nossas terras, e para nossa vergonha, desandou a falar acerca de nossos poetas, romancistas e músicos com desenvoltura e intimidade, numa enumeração virtuosa de Bandeiras, Quintanas, Rosas ( o Guimarães e o Noel) e Machados. Meu amigo certificou-se que nós viramos as costas ao imenso continente no qual estamos incrustrados e miramos o Norte. Nas Literaturas, parricidas que somos, assassinamos o apreço à Língua Portuguesa. Entre nós, J. K. Rowlings tem mais leitores que Saramago, John Green é mais conhecido que Mia Couto. Sem demérito para os citados, que prestam valioso serviço como iscas para novos leitores, nós solenemente ignoramos nossos expoentes das letras. Saramago teve o poder de me enfeitiçar durante um tempo considerável, com seu ritmo, sua transgressão consciente , seu poder de recriar a língua e de maravilhar com sua trama fantástica de "A Jangada de Pedra", o delírio de "Ensaio Sobre a Cegueira", o barroco futurista de "Memorial do Convento". Valter Hugo Mãe tive a honra de conhecer com "O Filho de Mil Homens" e me senti retornando uma terra já visitada, na cadência lusófona do português d´além -mar, aportado e desenvolvido nas Áfricas, no ritmo conhecido da língua materna, ou língua-avó, pois que preservada em sua origem antiga em países de colônia. Decerto que me vi impelido a procurar e a palmilhar mais atentamente obra deste autor, tão estranho e tão familiar, tão irmão, e tão esquecido. E Mia Couto que desconheço? E Lobo Antunes, Inês Pedrosa, Geraldo Tavares, M. Sousa Tavares, dos quais só sei o nome? Devemos a vocês um maior conhecimento e re-conhecimento, e a oportunidade que nós mesmos nos negamos de alumbramento, na cadência já familiar de nossa língua, que mais facilmente é capaz de nos embalar em voz ancestral de ninar que trazemos registrada , o nosso arquétipo mais arraigado e o mais feliz.
oconselheiroamoroso.wordpress.com Exaustivas pesquisas filólogo-semânticas e seus resultados no campo da línguística aplicada: - Analbolizante: esteróide aplicado no corrugado orifício. - Cereal killer: destruidor implacável de sucrilhos kellogs, ou outra refeição matinal norteamericana. - Warmhole: buraco quente...ou morno. Segundo a Física. Térmica.
www.ericmachadofotografia.com.br Eu sei que ele era bronco, simples, analfabeto e enxergava mal, e acenou cumprimentando um carro que passava, no que perguntaram: - Hey, camarada, tem certeza de que conhece o dono do carro que passou? E ele, tranquilo: - Prefiro cumprimentar um estranho que ignorar um amigo!
community.usvsth3m.com Os grandes vendedores de livro têm seus segredos, e por que não, suas fórmulas. Mr. Dan Brown não prescinde de uma assistente bonita e expert em alguma coisa que, por mera e insignificante coincidência, surge na vida de Tom Hanks no mesmo instante em que ele se depara com uma ultra-secreta trama diabólica que teria o poder de fazer desabar a cristandade, trazer o fim da civilização, explodir o planeta ou desintegrar a praça de São Pedro. Comecei a ler os livros de John Green querendo desancar o mancebo best-seller, achar defeitos em sua obra e jogar para a torcida : meus seis milhões, duzentos e sessenta mil e oito leitores fiéis deste carcomido blog , além de um detrator que me segue com ódio e me calunia em todas as redes sociais. Constatei que João Verde NÃO é uma fraude. Tem talento, desenvoltura, diálogos rápidos, afiados, inteligentes e sarcásticos, na velha escola norteamericana. Da mesma maneira que adultos assistem às animações da Pixar,dizendo só acompanhar crianças, acabam lendo Mr. Joãozinho Clorofila, e se surpreendem com a verve literária do garoto. Creio que ele tem suas estratégias. Escrever pra jovens com temas adultos, com diálogos densos, mordazes e engraçados, e não poupar nem ter piedade de suas criaturas, é um trunfo do cada vez mais rico jovem senhor (que após "A Culpa é das Estrelas" nos ameaça com a versão cinematográfica de "Cidades de Papel", anunciando mais uma monstruosa franquia do entretenimento) o senhor Máquina de Ganhar Dinheiro John Hulk. Seria como ser da seleção brasileira - ou seria melhor dizer da alemã?- e sempre se exibir contra um time da segundona, ou um Zaire da vida. Dá pra falar grosso, fazer jogadas de efeito, gols de placa e jogar beijos pra galera. E tome fórmulas! É o paraíso dos nerds, cada qual com sua especialidade, tanto surpreendente quanto inútil. E tome garotas com personalidade marcante! E tome tulipas ! E tome finais que, de tão inesperados são previstos: o pior acontece, a personagem morre, o geekie magricela NÃO fica com a gostosona no final, e alguém descobre que não seremos lembrados no futuro, o Universo não se apercebe de nossa existência e a eternidade passa muito bem sem nós. Quem nunca recorreu a um clichê, atire a primeira bola de chiclete, pois esses pequenos deslizes não comprometem o raciocínio fluido e o domínio da técnica do cara. Ele é bom. Só não sei qual seu propósito: será fazer Literatura(sim, garotinho, Literatura com maiúscula) num nicho do qual essa qualidade não é exigida, para ser aclamado como uma surpresa sólida e consistente, e ser instado a alçar vôos maiores e mais ambiciosos? Ou apenas ganhar dinheiro (e muito) de forma limpa e competente, sabendo que se quisesse poderia jogar pesado, ser escalado para a primeira divisão e tentar fazer Arte? Por enquanto ele se diverte, eleva o nível dos livros para a juventude (argh!) e nos povoa a mente com tipinhos esquisitos, dos quais poderíamos ter feito parte. Greetings, Mr. John!