quarta-feira, 6 de maio de 2015

Te peguei, John Green!

                                                                  community.usvsth3m.com
          Os grandes vendedores de livro têm seus segredos, e por que não, suas fórmulas.
          Mr. Dan Brown não prescinde de uma assistente bonita e expert em alguma coisa que, por mera e insignificante coincidência, surge na vida de Tom Hanks no mesmo instante em que ele se depara com uma ultra-secreta trama diabólica que teria o poder de fazer desabar a cristandade, trazer o fim da civilização, explodir o planeta ou desintegrar a praça de São Pedro.
          Comecei a ler os livros de John Green querendo desancar o mancebo best-seller, achar defeitos em sua obra e jogar para a torcida : meus seis milhões, duzentos e sessenta mil e oito leitores fiéis deste carcomido blog , além de um detrator que me segue com ódio e me calunia em todas as redes sociais.
          Constatei que João Verde NÃO é uma fraude. Tem talento, desenvoltura, diálogos rápidos, afiados, inteligentes e sarcásticos, na velha escola norteamericana.
          Da mesma maneira que adultos assistem às animações da Pixar,dizendo só acompanhar crianças, acabam lendo  Mr. Joãozinho Clorofila, e se surpreendem com a verve literária do garoto.
          Creio que ele tem suas estratégias. Escrever pra jovens com temas adultos, com diálogos densos, mordazes e engraçados, e não poupar nem ter piedade de suas criaturas, é um trunfo do cada vez mais rico jovem senhor (que após "A Culpa é das Estrelas" nos ameaça com a versão cinematográfica de "Cidades de Papel", anunciando mais uma monstruosa franquia do entretenimento) o senhor Máquina de Ganhar Dinheiro John Hulk.
          Seria como ser da seleção brasileira - ou seria melhor dizer da alemã?- e sempre se exibir contra um time da segundona, ou um Zaire da vida. Dá pra falar grosso, fazer jogadas de efeito, gols de placa e jogar beijos pra galera.
          E tome fórmulas! É o paraíso dos nerds, cada qual com sua especialidade, tanto surpreendente quanto inútil. E tome garotas com personalidade marcante! E tome tulipas ! E tome finais que, de tão inesperados são previstos: o pior acontece, a personagem morre, o geekie magricela NÃO fica com a gostosona no final, e alguém descobre que não seremos lembrados no futuro, o Universo não se apercebe de nossa existência e a eternidade passa muito bem sem nós.
          Quem nunca recorreu a um clichê, atire a primeira bola de chiclete, pois esses pequenos deslizes não comprometem o raciocínio fluido e o domínio da técnica do cara. Ele é bom. Só não sei qual seu propósito: será fazer Literatura(sim, garotinho, Literatura com maiúscula) num nicho do qual essa qualidade não é exigida, para ser aclamado como uma surpresa sólida e consistente, e ser instado a alçar vôos maiores e mais ambiciosos? Ou apenas ganhar dinheiro (e muito) de forma limpa e competente, sabendo que se quisesse poderia jogar pesado, ser escalado  para a primeira divisão e tentar fazer Arte?
          Por enquanto ele se diverte, eleva o nível dos livros para a juventude (argh!) e nos povoa a mente com tipinhos esquisitos, dos quais poderíamos ter feito parte.
          Greetings, Mr. John!


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