Banksy é um transgressor. Tive a felicidade de adquirir um livro com obras suas: "Banksy, guerra e spray", ou algo assim, e creio que foram os 50 merréis mais bem gastos dos últimos tempos, fora um ingresso para um abrigo subterrâneo para escapar dos que acreditavam no calendário maia.
Sua obra, grafitagem através de estêncil, desfila provocação, política, aversão ao poder, surrealismo, visão poética de mundo, originalidade, criatividade, lirismo, beleza, humor cínico e inteligente.
Compre.
Esqueça os 50 tons de Grecin 2000.
E pesquise as imagens dele por aí.
Algumas, eu empresto.
De grátis.
sábado, 22 de dezembro de 2012
sábado, 15 de dezembro de 2012
O Sobrado Perto do Viaduto
O rapaz o chamou com voz indiferente.Talvez nem soubesse o que
seria aquele envelope. O velho sabia. O
logotipo, o tamanho do envelope, a impressão estereotipada. Era mesmo aquilo
que ele esperava. E temia.
Lá
fora, no viaduto imundo de fuligem , a vida continuava. Famílias inteiras
debaixo dele, carros demais por cima dele,velocidade absurda e indiferente, cães, sujeira, fedor de mijo .
Olhou
pela janela carcomida. Árvores seculares , portões de ferro fundido, um gato
gordo ressonando , num ar de decadência já familiar. Aquilo tudo fora de seu
avô, de seu pai e ele recebera de papel passado, herança verdadeira, com a
incumbência de não baixar a cabeça e de
sustentar como pudesse o sobrado, a área
verde, a biblioteca imponente e alguns
quadros respeitavelmente empoeirados ao lado do título de nobreza comprado, da
época do Império.
A área
verde sobrevivia meio cinzenta e um pessoal que
usava camisetas com frases de efeito e um cabelo além da hora da tesoura, o
procurava para fotografar aquilo tudo, de modo que o velho começara,aos
poucos, a se sentir útil e orgulhoso, e os olhos nos quadros já não o encaravam
mais com desprezo . Até a tentação de vender a mobília antiga aparecia agora com menor freqüência.
O rapaz
incomodava pouco, falava pouco . Tinha pouca barba, pouca carne e poucas
necessidades. Nada que lembrasse a mãe.
O gato gordo
sumia por dias e retornava sempre mais magro, com algumas marcas feias e profundas na carne.
Alguns dias de imobilidade e ração vagabunda o recompunham , até que o cheiro
de cio o despertasse de novo. O velho se perguntava por que seu olfato não
funcionava desse jeito. O gato era mais vivo que ele e o rapazinho juntos.
Mas as fotos, os quadros, o passado solene e grave escondido no sobrado
imponente, o título de nobreza, o gato orgulhoso e indiferente, o caderno verde
de poemas erráticos e irregulares, nada disso importava. A desapropriação
anunciada chegara, o papel timbrado gritava dentro da gaveta.
Ele era
um nada. O garoto era um nada. O sobrado era um nada. Um desperdício de espaço
numa cidade sedenta por espaço. Aquela área enorme, seu silêncio verde-escuro, seus mortos solenes e sua história eram um
anacronismo na metrópole desmesuradamente
grande e onomatopaica.
Ali,
seu lugar, estaria destinado a ser, decerto, um aglomerado de casebres sem
personalidade, povoado por gente barulhenta e sem história, rasgado por ruas
velozes demais.Isso provocou um soluço mudo e sofrido no velho; os
burocratas amparados por decretos, éditos, leis e parágrafos nem sequer sabiam
do juramento de manter a cabeça erguida, os quadros vivos e o jardim
silencioso.
Acendeu
um cigarro.O gato saiu apressado, farejando vulvas invisíveis. Lembrou-se de
Augusto dos Anjos.
domingo, 2 de dezembro de 2012
Breve história da "Breve História"
Já antevi sua cara....lá vem esse cara de novo com papo requentado.Tá bom, eu sei que outros já o fizeram, mas não resisto : LEIA!
Quantos livros você já leu que nasceram da confissão de uma ignorância? Ou de não saber?
Bill Bryson (confesse, você conhece o Bruno e o Marrone, mas o tio Bill não!) confessa que não sabia porque o mar é salgado. E NÃO SE ACOMODOU! Deu-se um prazo para aprender TUUUdo o que não sabia e gostaria de aprender, e pariu um precioso compêndio de umas quinhentas paginetas que pretende explicar um bocado de coisa de maneira clara, simples e interessante.
Cientistas que fazem flexão de braço e ameaçam de morte e espancamento pacatos colegas, a estonteante noção do vazio do espaço (é, Bebé, se a terra fosse do tamanho de uma bactéria, o planeta mais próximo se situaria a uns 20 km de distância, em se pensando em nossas escalas) e a apavorante verdade: a superfície sólida da Terra é uma natinha de nada em um globo líquido de magma, o que quer dizer que flutuamos à deriva.
Esqueça 50 tons de cinza! Isso é desculpa pra quem quer pornografia mas tem medo de doer! Marquês de Sade já o fez sem eufemismos!
Saia do circuito modinha e leia um tróço que valha a pena.
Lista da Veja?
Vai morder seu pai na região glútea!
Olha a caara do caboclo!
Quantos livros você já leu que nasceram da confissão de uma ignorância? Ou de não saber?
Bill Bryson (confesse, você conhece o Bruno e o Marrone, mas o tio Bill não!) confessa que não sabia porque o mar é salgado. E NÃO SE ACOMODOU! Deu-se um prazo para aprender TUUUdo o que não sabia e gostaria de aprender, e pariu um precioso compêndio de umas quinhentas paginetas que pretende explicar um bocado de coisa de maneira clara, simples e interessante.
Cientistas que fazem flexão de braço e ameaçam de morte e espancamento pacatos colegas, a estonteante noção do vazio do espaço (é, Bebé, se a terra fosse do tamanho de uma bactéria, o planeta mais próximo se situaria a uns 20 km de distância, em se pensando em nossas escalas) e a apavorante verdade: a superfície sólida da Terra é uma natinha de nada em um globo líquido de magma, o que quer dizer que flutuamos à deriva.
Esqueça 50 tons de cinza! Isso é desculpa pra quem quer pornografia mas tem medo de doer! Marquês de Sade já o fez sem eufemismos!
Saia do circuito modinha e leia um tróço que valha a pena.
Lista da Veja?
Vai morder seu pai na região glútea!
Olha a caara do caboclo!
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