terça-feira, 19 de maio de 2015

Língua - A Pátria Maior - Escritores Irmãos

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               Fato notório e notável a indiferença que o brasileiro tem por seus vizinhos, os países sulamericanos, e por suas raízes lusitanas, sua rica e profunda tradição linguística e histórica.
               Contado por um amigo velho seu encontro fortuito em um ônibus com destino à velha Parati, com um colombiano que mochilava por nossas terras, e para nossa vergonha, desandou a falar acerca de nossos poetas, romancistas e músicos com desenvoltura e intimidade, numa enumeração virtuosa de Bandeiras, Quintanas, Rosas ( o Guimarães e o Noel) e Machados. Meu amigo certificou-se que nós viramos as costas ao imenso continente no qual estamos incrustrados e miramos o Norte.
               Nas Literaturas, parricidas que somos, assassinamos 
o apreço à Língua Portuguesa. Entre nós, J. K. Rowlings tem mais leitores que Saramago, John Green é mais conhecido que Mia Couto. 
               Sem demérito para os citados, que  prestam valioso serviço como iscas para novos leitores, nós solenemente ignoramos nossos expoentes das letras.
               Saramago teve o poder de me enfeitiçar durante um tempo considerável, com seu ritmo, sua transgressão consciente , seu poder de recriar a língua e de maravilhar com sua trama fantástica de "A Jangada de Pedra", o delírio de "Ensaio Sobre a Cegueira", o barroco futurista de "Memorial do Convento".
               Valter Hugo Mãe tive a honra de conhecer com "O Filho de Mil Homens" e me senti retornando  uma terra já visitada, na cadência lusófona do português d´além -mar, aportado e desenvolvido nas Áfricas, no ritmo conhecido da língua materna, ou língua-avó, pois que preservada em sua origem antiga em países de colônia.
               Decerto que me vi impelido a procurar e a palmilhar mais atentamente obra deste autor, tão estranho e tão familiar, tão irmão, e tão esquecido.
               E Mia Couto que desconheço? E Lobo Antunes, Inês Pedrosa, Geraldo Tavares, M. Sousa Tavares, dos quais só sei o nome?
               Devemos a vocês um maior conhecimento e re-conhecimento, e a oportunidade que nós mesmos nos negamos de alumbramento, na cadência já familiar de nossa língua, que mais facilmente é capaz de nos embalar em voz ancestral de ninar que trazemos registrada , o nosso arquétipo mais arraigado e  o mais feliz.

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